Depoimentos

Thaís Silva

MINHA HISTÓRIA COM CAVERNOMA


Meu nome é Thaís Silva, nordestina sim senhor!

Tenho 35 anos, sou casada tenho dois filhos, uma estrutura familiar maravilhosa, que é 100% meu melhor remédio.

Em janeiro de 2011, tive fortes dores de cabeça, a princípio achei normal, pois a dor de cabeça foi, e é algo que faz parte da minha vida. Mas, nesse dia foi fora do normal nenhum remédio funcionou, fui ao pronto socorro, tomei remédios mais fortes para cessar a dor, fiquei em observação por 3 horas, logo após fui liberada pelo plantonista, no dia seguinte as 16horas a dor veio ainda mais forte, perdi por alguns segundos a cor na visão, tudo ficou cinza e duplo, foi ali que percebi que algo muito errado estava ocorrendo. Passei a vomitar, fui novamente ao pronto socorro de onde sai 15horas depois, mas chegando lá fui medicada com fortes analgésicos e nada da dor passa meu quadro só piorava, a meia noite um médico veio falar comigo dizendo que ia me dar altar, eu com dificuldades na fala respondi, mas como assim, ainda sinto tanta dor, ele então decidiu fazer finalmente uma tomografia e constatou as 2horas da madrugada que havia tido um AVC hemorrágico, daí por diante fui medicada corretamente para não haver danos maiores, por conta do sangramento.

Fiquei internada fazendo tomografia, de três em três dias, fiz também 2 angiografias cerebrais e não constataram nada nas angiografias.

Nem um médico conseguia explicar o porquê do AVC, diziam que era esporádico, em nenhum momento levaram em consideração meu histórico de uma vida inteira de dor de cabeça tonturas e nem mesmo meu histórico familiar pois falei que minha avó materna tinha falecido em decorrência de um AVC aos 47 anos de idade, (que na época a 34 anos não havia RM) diziam que era coincidência!

Consegui me reestabelecer depois dos 15 dias de internação, as sequelas foram temporárias, depois de um tempo fiquei com fraqueza nas pernas.

Enfim, um ano depois do primeiro sangramento ainda não tinha meu diagnóstico, só depois de uma crise convulsiva, e o fato que as dores de cabeça eram diárias e constantes, a fraqueza nas pernas impondo dificuldade de caminhar, tonturas levando a diversas quedas e muita dormência levaram os médicos a solicitar a RESSÔNANCIA MAGNÉTICA, depois de um ano tive o diagnóstico de MULTIPLAS LESÕES DE CAVERNOMAS, mais precisamente 11 de variados tamanhos, espalhadas em meu cérebro, sendo 2 delas no tronco cerebral.

Vocês podem imaginar qual foi minha reação?

De desespero total, minha família em pânico.

Fui ao neurologista, ele me disse “não posso fazer nada essas lesões são inoperáveis são profundas”, passei a fazer uma busca desesperada na internet, queria me inteirar com urgência do que era tudo isso que estava acontecendo, tive a sorte de poder me comunicar com pessoas que passaram por tudo aquilo, que eu não entendia, que pra mim, eu tinha recebido uma sentença de morte. Com o tempo e ajuda dessas pessoas que já tinham passado por tudo aquilo e estavam vivendo...

Fui me fortalecendo.

Nossa!!! Foi um alivio saber que haviam outras pessoas que tinham superado os cavernomas, passei a compreender, busquei um dos melhores especialista em São Paulo, ele também foi taxativo, disse que meu caso era inoperável, pois as sequelas seriam nocivas, só é possível ficar com o acompanhamento expectante.

Já tive três hemorragias me recuperei de cada uma delas, dentro das minhas limitações, tenho as tonturas, as quedas, tomo anticonvulsivante, e outras medicações de uso continuo, mas procuro ter uma vida normal.

Em 2012 voltei a estudar, estou cursando o 7º período do curso de direito, já tive algumas crises convulsivas dentro da sala de aula, meus colegas e professores me ajudam todos já sabem lidar com a situação. No começo eu tinha vergonha em ter uma crise convulsiva no meio de pessoas estranhas, mas aprendi que hoje dependo da ajuda das pessoas até mesmo de um estranho, peço a DEUS todos os dias que sempre ponha anjos em meu caminho, que eu seja merecedora da ajuda deles.

Às vezes fico triste, pois sempre tem um ou outro que critica o fato de eu estar matriculada em um curso tão “pesado”, respondo:

_Pesado pra quem? Meu refúgio além de DEUS e minha família, é meus estudos, e tenho muito orgulho de poder ter atingido hoje o 7º período sem nunca ter usado meu problema de saúde para obter algum tipo de privilégio, sou uma estudante como todos na minha sala, tão esforçada como qualquer um, busco o saber, a compreensão nas mesmas condições dos meus colegas.

Não importa se algumas críticas são depreciativas, isso não mais me preocupa, pois mesmo que alguns digam que é perda de tempo, sei que não é, algo de muito bom vai ficar para meus filhos, estou ensinando a eles que ter fé, ser determinada é fundamental, sei que no futuro vão se sentir motivados a trilhar um caminho, não necessariamente o mais fácil, mas o correto.

Hoje minha única preocupação são meus filhos, penso muito na questão genética, mas procuro viver sem sobressaltos, sem neuras, claro que não descuido do acompanhamento clinico tomo minhas medicações porque quando esqueço tenho convulsões e desequilíbrio na coordenação motora. Fico atenta aos sinais que meu corpo me dá, resumindo procuro ter uma vida normal dentro das limitações que me foram impostas e ser feliz ao lado da minha família.

Esse espaço é maravilhoso, pois poder compartilhar algo tão importante e vital, pois informação traz a compreensão que é indispensável pra quem recebe um diagnóstico que a princípio só imagina o pior.

Busquei a informação através de todos os recursos, mas não deixe o primordial que é um bom médico, pois cada portador de cavernoma pode reagir de forma diferente, pois depende muito da localização, do tamanho do mesmo. Cada caso é um caso!


Espero que tenha conseguido contribuir compartilhando minha história com vocês.

Obrigada


Thaís Silva
Teresinha - PI

thaisandreasilva@hotmail.com.br